Mahathir bin Mohamad em conferência de 2015, sobre "nova ordem mundial"
Reprodução R7Uma leitora do MonitoR7 nos enviou um vídeo que ela recebeu em aplicativo de mensagens. Na gravação, de 2015, um político malaio faz um discurso sobre a "nova ordem mundial".
Mahathir bin Mohamad, que ocupou por duas vezes o cargo de primeiro-ministro da Malásia, é também o presidente da Perdana Global Peace Foundation, que promoveu o evento em que ele discursou.
O vídeo traz um trecho de pouco mais de um minuto de um discurso de aproximadamente vinte minutos, feito na abertura da Conferência Internacional "Nova Ordem Mundial - uma receita para a guerra ou para a paz", promovida pela Fundação Perdana em março de 2015, na cidade de Putrajaya, Malásia.
No trecho do discurso que tem sido compartilhado, o político diz: "porque a intenção também é reduzir o número de pessoas neste mundo". E segue: "agora(2015), a população do mundo é de sete bilhões. Haverá a necessidade de matar bilhões de pessoas ou deixá-los morrer de fome até a morte ou impedi-los de dar à luz, a fim de reduzir a população deste mundo. É isso que está reservado para a maioria. Para aqueles que vão sofrer e morrer, haverá a paz da sepultura".
Para quem assiste a versão completa do discurso, é possível identificar que Mahathir está falando que essa é a intenção da "Nova Ordem Mundial" que dá nome à conferência. E que, para ele, os responsáveis por essa nova ordem seriam as nações poderosas, que tem armas nucleares e, na prática, governam o mundo através do medo, sem obedecer as fronteiras de países e a soberania das nações.
O discurso do político malaio está circulando atualmente nas redes sociais e aplicativos de mensagens porque se encaixa perfeitamente em teorias da conspiração que foram associadas recentemente primeiro à pandemia(o vírus teria sido criado para matar milhões de pessoas e reduzir a população) e depois às vacinas(que não funcionariam contra a covid e provocariam outras doenças e mortes, com o mesmo objetivo de redução populacional).
Se o objetivo da "criação" da pandemia era matar muita gente, é difícil entender o esforço e o investimento que foram feitos para criação de vacinas contra a doença, em tempo recorde. E como a mortalidade está caindo nos locais em que a vacinação está avançada, é difícil acreditar também que elas tenham sido criadas para matar. Para os conspiracionistas, as mortes ainda vão ocorrer, com aumento de casos de câncer e outras doenças.
A teoria da conspiração da Nova Ordem Mundial, com um governo único para todos os países, sem respeitar fronteiras e a soberania das nações, surgiu na década de 50, quando foram criadas as primeiras instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas(ONU), Fundo Monetário Internacional(FMI) e o Banco Mundial. Políticos como Winston Churchill citaram esse termo, para indicar uma forma dos países para manter a paz mundial, logo depois da ocorrência de duas grandes guerras.
O termo que foi criado para nomear instituições voltadas à paz mundial, acabou sendo usado para indicar a existência de uma conspiração das "elites" por um governo sem fronteiras. A redução da população como uma forma de facilitar o controle e a dominação das pessoas, foi um desdobramento posterior dessa teoria da conspiração.
Os responsáveis por essa Nova Ordem Mundial variam de acordo com o grupo de teóricos da conspiração. Para alguns, são os judeus; para outros, os comunistas; para a direita dos Estados Unidos são os "liberais" e na versão atual, anti-ciência e anti-vacina, seriam empresários bilionários e poderosos, como Bill Gates e George Soros, numa improvável associação com a China.
Para o político malaio que discursa no vídeo, muçulmano, seriam os líderes de países poderosos do Ocidente, notadamente os Estados Unidos. Mahathir bin Mohamad ficou também conhecido pela repercussão de um tuíte, no início de 2020, em que defendia um garoto muçulmano que matou seu professor na França, após este mostrar uma figura desrespeitando a religião da criança.
O político disse, dentre outras coisas, que mulçumanos têm o direito de matar milhões de franceses, para compensar os massacres do passado. Depois da repercussão, o tuíte foi removido da plataforma.
O vídeo, portanto, é real e o político realmente fala em um plano para matar milhões de pessoas e reduzir a população. Mas a sua divulgação neste momento é enganosa, pois tenta relacionar esse discurso com a pandemia de Covid-19 e o processo de vacinação contra a doença.
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