No último domingo (20), a rainha Elizabeth II testou positivo para Covid-19, de acordo com a equipe do Palácio de Buckingham. “Sua Majestade está com sintomas leves de resfriado, mas espera continuar com tarefas leves em Windsor na próxima semana", informou a nota oficial, que também confirmou que a realeza já tomou as três doses da vacina.
Desde então, como se trata de uma das personalidades mais conhecidas do mundo, o assunto se tornou pauta obrigatória dos meios de comunicação. Foi o caso do programa australiano A Current Affair, da Nine Network, segunda rede de TV em audiência naquele país.
O programa exibiu uma reportagem sobre a doença de Elizabeth II e sobre "tratamentos alternativos". Na reportagem apareceu a imagem de uma caixa do medicamento "Stromectol", que é um dos nomes comerciais usados para a Ivermectina.
Isso foi suficiente para inflamar o Twitter, pois seria uma "prova" de que a rainha estaria se tratando com um fármaco que não tem comprovação científica contra a Covid-19. As hashtags #BolsonaroSalvouARainha, #Ivermectina e #Piolho ficaram entre as mais comentadas na rede social, chegando a ter mais de 10 mil publicações em cada.
Vários personalidades conservadoras fizeram publicações sobre o assunto. Grande parte delas, em tom de ironia. Em alguns casos, os autores brincaram com outra informação distorcida veiculada na semana passada, dizendo que "depois de evitar a Terceira Guerra Mundial, Bolsonaro salvou a rainha da Inglaterra". Mas também houve publicações em que o assunto foi tratado como se não houvesse dúvida sobre o uso do medicamento pela rainha inglesa.
Na verdade, em nenhum momento a reportagem exibida na Austrália fornecia essa informação. Entre os entrevistados da TV australiana estava o clínico-geral Mukesh Haikerwal, que falava sobre como a rainha poderia se beneficiar de novos medicamentos "aprovados" para pacientes de alto risco. Porém, o médico não presta serviços à monarquia inglesa e em nenhum momento cita Stromectol ou Ivermectina entre estes medicamentos.
Inclusive, em entrevista a um jornal local, Mukesh já se posicionou contra o uso da substância e disse que não acredita que a ivermectina pode ajudar no combate à covid. Depois da repercussão da imagem, nesta segunda-feira, enquanto o assunto bombava nas redes sociais, o clínico fez uma declaração em suas contas: "Eu entendo que as imagens inseridas inadvertidamente no A Current Affair serão removidas no decorrer de hoje. O canal foi alertado".
Não conseguimos contato com a rede de TV, mas tudo indica que foi um erro de edição, já que a reportagem citava apenas "novos medicamentos aprovados", tanto na Austrália quanto no Reino Unido. Nos dois casos, o Stromectol não é indicado para Covid-19. A reportagem foi retirada do ar.
Em conclusão, a alegação é falsa. “A saúde da rainha geralmente é mantida como um assunto firmemente privado”, disse o correspondente real da rede britânica BBC, Sean Coughlan, “com apenas os detalhes mais básicos sendo revelados”.
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