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Falso: Cobra gigante flagrada no Pantanal

Especialista em serpentes da Fiocruz diz que espécie no vídeo não existe na América, mas, sim, nos continentes asiático e africano

MonitoR7|Ana Luiza Pêgo*, do R7

Cobra da espécie píton não existe no bioma do Brasil. Aqui, ela é considerada uma serpente exótica
Cobra da espécie píton não existe no bioma do Brasil. Aqui, ela é considerada uma serpente exótica Cobra da espécie píton não existe no bioma do Brasil. Aqui, ela é considerada uma serpente exótica

Na última terça-feira (5), o vídeo de uma cobra gigante viralizou nas redes sociais, principalmente no Twitter. De acordo com a legenda, as imagens seriam do Pantanal — bioma que ocupa parte da região Centro-Oeste do Brasil. 

Em tom cômico, o autor da publicação comenta o vídeo: "Morar no Pantanal é tranquilo. Às vezes tem visitas indesejáveis". Até o momento, o tuíte já recebeu mais de 14 mil interações, entre respostas, curtidas e compartilhamentos. 

As imagens são realmente impressionantes, porém o vídeo não foi gravado no Brasil. Isso quem afirma é o doutor em medicina tropical pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o biólogo Claudio Machado, que trabalha há mais de 30 anos com serpentes. 

De acordo com Machado, a cobra do vídeo é um píton reticulado, da espécie Malayopython reticulatus, que vive originalmente no sudoeste da Ásia. "Pítons pertencem a uma família (Pythonidae) que somente ocorre na Ásia e na África, e nunca nas Américas", diz o especialista.

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Vídeo de cobra gigante não foi feito no Pantanal
Vídeo de cobra gigante não foi feito no Pantanal Vídeo de cobra gigante não foi feito no Pantanal

Nas Américas, as grandes cobras constritoras são da família Boidae — são as sucuris (as maiores cobras brasileiras), salamantas e jiboias.

No Brasil, as maiores serpentes são as sucuris-verdes (Eunectes murinus), que podem chegar a 7 ou 8 metros de comprimento. O biólogo, inclusive, esclarece que essa é a espécie "típica do Pantanal", e não a que é vista no vídeo.

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De acordo com o especialista, animais muito grandes, como os do vídeo, não são tão comuns, mas existem. "Normalmente, o tamanho médio é menor, mas sempre encontramos alguns [fêmeas, normalmente, porque elas são maiores que os machos]", afirmou o biólogo.

Buscando nas replicações da publicação, o MonitoR7 encontrou uma resposta do perfil Papo de Cobra, que tem mais de 45 mil seguidores e é verificado pela plataforma. O projeto é conduzido, justamente, por Claudio Machado.

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Além de desmentir, o perfil aponta os motivos de a informação ser falsa. Quando um internauta questiona as diferenças entre um píton e uma sucuri, o Papo de Cobra responde que, visualmente, é o padrão de coloração e tamanho. "Só para exemplo, a forma de reprodução: sucuris e outros boídeos são vivíparos. Pitonídeos são ovíparos."

Veja a sequência de tuítes sobre o assunto:

Além das evidências biológicas, existem outros fatores que contradizem a ideia de o vídeo ter sido gravado no Pantanal. No caso, são mostrados a placa de uma motocicleta e o rótulo de um galão de água, e ambos não estão em português. A identificação do veículo nem mesmo se parece com a dos padrões brasileiros.

Até mesmo alguns dos internautas que comentaram o tuíte original mostraram que o rótulo realmente não está em alfabeto latino, que é o usado no Brasil.

Por uma busca reversa, é possível encontrar um vídeo semelhante em redes sociais russas. Esse outro vídeo circulou em perfis da Rússia no fim de abril deste ano. Inclusive, nas imagens é possível ver um galão de água idêntico ao do primeiro vídeo.

Machado afirma que as duas serpentes são da mesma espécie píton e que, possivelmente, se trata da mesma cobra, pelo tamanho. 

Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe a questão para o MonitoR7 que nós a checamos para você: (11) 9 9240-7777 ou monitor@recordtv.com.br

* Estagiária do R7, com edição de Raphael Hakime

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