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Falso: dados históricos desmentem tese de que as temperaturas estão cada vez mais baixas

Ainda que ocorram períodos de muito frio, estudo sobre o clima em São Paulo mostra que o calor aumentou nas últimas décadas

MonitoR7|Letícia Dauer, do R7*

Em maio, temperatura caiu bastante em São Paulo
Em maio, temperatura caiu bastante em São Paulo Em maio, temperatura caiu bastante em São Paulo

Começa o inverno e basta cair um pouco a temperatura para voltar a impressão de que estamos atravessando o “frio mais intenso de todos os tempos”. Os dados históricos mostram, porém, que as últimas décadas têm sido mais quentes no Brasil.

Nas redes sociais, várias pessoas fazem a afirmação de que nunca sentiram o ar tão gelado, enquanto outros tentam usar a sensação de frio para negar a argumentação ambientalista de aumento do aquecimento global.

Usando São Paulo como exemplo, um estudo do governo federal, divulgado no começo de 2022 e que analisa números de 90 anos, aponta que as madrugadas na capital paulista têm temperaturas cada vez mais quentes.

O estudo denominado Normais Climatológicas do Brasil foi desenvolvido pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), órgão federal que tem a missão de fazer o monitoramento, análise e previsão do tempo e do clima.

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Uma das variáveis analisadas pelo instituto é a temperatura mínima do ar a partir da comparação entre os períodos de 1931-1960, 1961-1990, 1981-2010 e 1991- 2020. Os números são coletados em estações meteorológicas espalhadas em diversas cidades. No caso de São Paulo, a estação está localizada no Mirante de Santana, na zona norte.

Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 90 anos em SP
Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 90 anos em SP Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 90 anos em SP

Comparando o período de 1931-1960 com o de 1991-2020, no gráfico acima, é possível perceber que as temperaturas mínimas estão aumentando com o passar dos anos. Em todos os meses do ano, registrou-se a elevação de 1,6°C, em média. O destaque fica com abril e julho, respectivamente no outono e inverno, que apresentaram a elevação de 2,7°C. 

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A pedido do MonitoR7, o Inmet enviou um gráfico (abaixo), que não está na pesquisa, com dados da temperatura mínima média anual entre os anos de 1991-2021 da capital paulista. Nesse período, o menor valor (15°C) foi registrado em 1994, enquanto o maior (17,5°C) foi em 2015. Como divulgado pelo órgão, a tendência da elevação da temperatura se mantém.

Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 30
anos em SP
Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 30 anos em SP Comparação entre as temperaturas mínimas nos últimos 30 anos em SP

Segundo a meteorologista Andrea Ramos do Inmet, ainda não há um consenso na comunidade científica sobre as causas exatas dessas mudanças climáticas, mas, certamente, as atividades humanas têm grande influência. O desmatamento das poucas áreas verdes na metrópole, o asfaltamento, o crescimento do setor de construção civil desenfreado nas últimas décadas, entre outras ações antropológicas, não podem ser ignorados.

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A meteorologista ainda explicou que estamos vivendo “uma era dos extremos”. Com as mudanças climáticas, que incluem a elevação contínua da temperatura mínima, tornou-se parte do cotidiano eventos como ondas de frio e de calor fora de época, chuvas fortes e secas mais severas.

Onda de frio

No mês passado, uma massa de ar frio de origem polar se espalhou sobre o país causando uma forte queda da temperatura no Centro-Sul, inclusive em São Paulo. Com ela, voltaram os comentários de que nunca se passou tanto frio no estado.

“Ela é uma onda de frio bem típica de inverno. A diferença é que ela é precoce. Não é comum acontecer em maio, mas também não é inédita”, esclarece a meteorologista do Climatempo, Carine Gama.

Além das mudanças climáticas, esse frio incomum também ocorre devido à influência da La Niña, que atinge o Brasil desde o ano de 2020. Esse fenômeno climático é responsável por invernos rigorosos em função do resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico.

Em suas redes sociais, o Inmet também dá dicas para que a população não acredite em conteúdos de origem duvidosa tanto sobre o frio quanto sobre o calor intenso. É aconselhável duvidar de valores extremamente exagerados e sem embasamento científico, além de procurar fontes confiáveis.

Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe a questão para o MonitoR7, que nós a checamos para você: (11) 9 9240-7777 ou monitor@recordtv.com.br

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