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Vacinas contra covid têm relação com aumento de casos de câncer?

Postagens e mensagens usam vídeo com entrevista de médico dos EUA citando dados sobre a Irlanda

MonitoR7|Do R7

Médico observa resultado de exame
Médico observa resultado de exame Médico observa resultado de exame

Mensagem em grupos de aplicativo está reproduzindo entrevista de médico dos Estados Unidos que afirma estar ocorrendo um aumento nos casos de câncer desde janeiro passado, quando começou a vacinação contra covid. O médico é Ryan Cole, um dermatopatologista, dono de um laboratório no estado de Idaho. O entrevistador é Del Bigtree, produtor de TV e cinema.

Na entrevista, Cole afirma ter ouvido de um colega irlandês que nunca viu nada igual nos seus 40 anos de prática médica. O texto das mensagens que acompanham o vídeo afirma que, para Ryan Cole, as vacinas estariam suprimindo as defesas naturais contra as células cancerígenas, anulando a capacidade natural de defesa do organismo.

Ainda de acordo com o texto que acompanha o vídeo com entrevista do médico de Idaho, ele teria afirmado que estão surgindo e ressurgindo entre os vacinados cânceres muito mais robustos e agressivos, de forma muito rápida e sem precedentes, em pacientes de todas as idades.

No vídeo, Cole cita um receptor chamado TLR4, que seria importante para a defesa das células contra o câncer. A argumentação, aparentemente técnica, soa bem convicente para leigos.

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Para esclarecer a questão, o MonitoR7 ouviu a diretora do corpo clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo(Icesp), Dra. Maria Del Pilar Estevez Diz, oncologista. A especialista confirma que o receptor TLR4 está associado ao sistema imune e é dapaz de identificar patógenos e identificar respostas. Mas esclarece que as vacinas contra covid não interferem nesse receptor.

Ao contrário do que afirma Ryan Cole, a oncologista do Icesp esclarece que as vacinas não suprimem o sistema imunológico. Ao contrário, elas despertam a capacidade do sistema imunológico para atuar contra um patógeno ainda desconhecido pelo organismo. No caso, o vírus SARS-Cov-2, que provoca a Covid-19.

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Em relação ao aumento do número de casos de câncer, Maria Pilar Diz, diretora do corpo clínico de um dos principais centros públicos de combate ao câncer no Brasil, afirma que não houve registro de aumento no número de casos, nem de maior gravidade dos casos novos. Isso não ocorreu com o aumento no número de casos de covid e nem com o aumento no número de pessoas vacinadas.

A oncologista esclarece que nos últimos anos, bem antes da pandemia de Covid-19, vem sendo registrado um aumento no número de casos de câncer, em todo mundo. Entre outros motivos, pelo envelhecimento da população. Mas tem aumentado também o número de pessoas que sobrevivem à doença. Pela evolução científica da medicina contra o câncer.

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O que é esperado que ocorra nos próximos meses e já era previsto é um aumento no número de diagnósticos de câncer, em razão do represamento de atendimentos durante a pandemia. As pessoas reduziram a ida a médicos, durante o isolamento. Houve uma queda de 30% no número de biópsias, por exemplo. Então, com a retomada dos atendimentos, é natural que o registro de casos volte a subir.

Em relação à entrevista que gerou a mensagem viralizada em grupos de aplicativos, o MonitoR7 apurou quem são os envolvidos. O médico Ryan Cole é conhecido por várias afirmações contestadas por especialistas. Ele já afirmou que a Covid-19 era "fake" e que as vacinas de mRNA são tóxicas. É uma fonte de informação constante em publicações contra a vacinação.

Já Del Bigtree é um produtor de TV e cinema que produziu um documentário baseado em afirmações já fartamente desmentidas de ligação entre vacinas e autismo e também é CEO de um grupo antivacinação chamado Rede de Ação de Consentimento Informado.

Em relação à irlanda, o número de novos casos de câncer em 2020 naquele país, já durante a pandemia de Covid-19, foi de 45.753. No período de 2017 a 2019 este número ficou em torno de 43.360 novos casos. O câncer é a causa mais comum de mortes na Irlanda. Em 2016 foi responsável por 31% das mortes. O tipo de câncer mais fatal entre os irlandeses é o de pulmão, responsável por 22% das mortes de homens e 20% das mortes de mulheres.

O Dr. Robert O'Connor, diretor de Pesquisa do Sociedade Irlandesa de Câncer(ICS, na sigla em inglês), lembra que a Covid-19 é muito perigosa para pacientes com a doença. E, por isso, eles devem ser ainda mais preservados do contato com o vírus. Eles tem que ser submetidos a um isolamento ainda mais rigoroso, para prevenir o contágio.

O'Connor afirma ainda que isso só reforça a importância da vacinação para estes pacientes. Em declaração no site da entidade, ele diz que as vacinas contra covid trazem perspectiva de que as pessoas com câncer voltem a interagir fisicamente com suas famílias, amigos e comunidade. E, por isso, o apoio à vacinação por parte do paciente, do profissional de saúde e da comunidade é algo fundamental para que eles retomem relacionamentos, "que adicionam cor e calor a todas as nossas vidas".

Você tem uma informação que gostaria que fosse checada? Envie mensagem para o MonitoR7, por WhatsApp ou Telegram: (11) 9-9240-7777

Vídeo traz informações falsas sobre a relação das vacinas contra covid e o câncer
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